Capítulo 2 Pedologia Quantitativa (ou Pedometria)

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2.1 Introdução

A pedometria é uma disciplina científica recente. Introduzida (talvez) por Hanns Jenny em 1941, mesmo que de maneira rudimentar, a pedometria alcançou seu máximo desenvolvimento conceitual a partir do início da década de 1990. Hoje o número de pesquisadores desenvolvendo pesquisas pedométricas, os chamados pedometristas é significativo, e aumenta a cada dia.

O termo pedometria é um neologismo derivado do grego pedos (solo) e metron (medida). Ele foi proposto por Alex McBratney e Richard Webster para identificar o estudo quantitativo da variação do solo na paisagem. Assim, o uso do termo pedometria se dá de maneira análoga a outros termos como econometria, geometria, biometria, psicometria, bibliometria, dendrometria, entre outras. Assim, tenta abranger duas ideias principais. A primeira delas está relacionada à parte da mensuração (metron), sendo restrita aos métodos quantitativos matemáticos e estatísticos. A segunda está relacionada à parte do solo (pedos), correspondendo ao campo das chamadas ciências da terra conhecido como pedologia. É nesse sentido que costuma-se dizer que a pedometria possui um caráter mais amplo do que as outras disciplinas tradicionais da ciência do solo.

A complexidade conceitual desse novo campo de pesquisa é exemplificada pela diversidade de interpretações do termo pedometria. A pedometria poder ser vista como a ciência do solo sob incerteza, a matemática ou informática do solo, entre outras formas. A definição oficial e mais aceita é aquela elaborada pela Comissão de Pedometria da União Internacional de Ciência do Solo (IUSS), segundo a qual a pedometria trata da

“aplicação de métodos matemáticos e estatísticos para o estudo da distribuição e gênese do solo.”

Essa definição possui uma série de implicações práticas. A utilização da expressão métodos matemáticos e estatísticos, por exemplo, carrega a noção de que os estudos são de caráter mais quantitativo do que qualitativo. No que diz respeito à gênese do solo, o objetivo é explicitar, numericamente, a relação dos fatores e processos de formação do solo com as propriedades apresentadas pelo solo. Por fim, a distribuição do solo é abordada nas três dimensões em que as propriedades do solo apresentam potencial de variação: o espaço geográfico, o espaço de atributos, e o espaço temporal.

2.2 Atividades tipicamente pedométricas

Na prática, a pedometria envolve uma série de estudos em ciência do solo, havendo sobreposição com muitas das demais áreas do conhecimento. Um dos principais exemplos de aplicação da pedometria é o chamado mapeamento digital do solo, o qual pode se utilizar das chamadas funções de pedotransferência, outra ferramenta desenvolvida a partir da utilização dos métodos pedométricos. Nesse caso, a pedometria se sobrepõe, por exemplo, à pedologia (mapeamento do solo) e à quemometria (do inglês, chemometrics). Além disso, a pedometria trata da aplicação de sensores remotos para a obtenção de informações do solo, assim como o desenvolvimento de sistemas de informação pedológica, plataformas de bancos de dados, entre outras ferramentas relacionadas à informática e eletrônica. Soma-se ainda as possibilidades de aplicação em áreas como a biologia e microbiologia do solo, física do solo, entre outras.

Atualmente, as atividades pedométricas desenvolvidas pelos diversos cientistas do solo podem ser divididas em cinco subáreas. Essa subdivisão é operacional, sendo baseada nos Grupos de Trabalho sob a coordenação da Comissão de Pedometria da União Internacional de Ciências do Solo. São elas:

  • Mapeamento digital do solo: trata da criação e população de bases de dados de solo geograficamente referenciados, gerados em uma determinada resolução pelo uso de métodos de observação de campo e laboratório, combinados com dados ambientais por meio do uso de relações quantitativas.

  • Morfometria digital do solo: definida como a aplicação de instrumentos e técnicas para mensuração e mapeamento das propriedades do perfil do solo, no campo e laboratório, e construção de funções contínuas em profundidade.

  • Modelagem da evolução do solo e da paisagem: trata da modelagem quantitativa da evolução das do solo e da paisagem, tanto em duas ou três dimensões, pelo uso de modelos de processos mecanísticos, como em uma dimensão, pelo uso de modelos de fluxos de matéria na paisagem.

  • Monitoramento do solo: preocupada com o delineamento, implementação e análise estatística de redes de monitoramento do solo para quantificação do estado e mudança das propriedades do solo nas diferentes escalas espaciais.

  • Sensoriamento proximal do solo: definido como o estudo dos processos que ocorrem no solo, bem como da variação espaço-temporal do solo, usando técnicas de sensoriamento proximal.